segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma melancolia sem precedentes lhe pegou. Ela sentou. Não aguentava o peso do próprio corpo... as pernas bambeavam. Seus olhos estavam fixos no infinito e sua cabeça acima das nuvens. O que a consumia? Lembranças. Boas lembranças. Cenas felizes, que não se repetirão jamais. Lembranças de momentos únicos e saudosos, que lhe davam um aperto no coração que não sabia explicar.
Chorou. As lágrimas brotavam como nunca antes. Pegou o espelho que estava em seu colo. Olhou-se. Viu um rosto inchado, vermelho, triste. Lembrou novamente e percebeu que a situação estava completamente errada: se são boas lembranças, não há motivo pra chorar e muito menos pra tristeza. Mas a saudade apertou no peito e não pôde mais conter.
Viu rostos se afastando, palavras quase mudas e olhos que fitavam os seus sem parar. O par de olhos lhe encarava e ela não conseguia parar de encarar de volta. Era um par de imãs, que lhe atraíam de uma maneira nada convencional. Estremeceu de medo, mas não era só medo. Sentia algo mais. E era esse algo mais que lhe apavorava. Não conhecia aquele sentimento, ou pelo menos não daquela forma.
As lágrimas cessaram. O rosto secou. Levantou e correu pra alcançar o dono daquele olhar, mas chegou muito tarde. O mistério permaneceria, mas sentia-se mais leve. Agora conseguia se sustentar de pé. Eram as lembranças que pesavam. A saudade. Ela sabia disso. Só o que não sabia é que nunca mais esqueceria o que tinha visto olhando pra aquele infinito que acabara de conhecer.

Um comentário: